O que é este Blogue?

Quando se junta uma amálgama de palavras, um conto ou um poema podem sempre emergir. A sua divulgação fará que não morram esconsos numa escura e funda gaveta. Daí que às minhas palavras quero juntar as de outros que desejem participar. Os meus trabalhos estão publicados sob o pseudónimo: "Lobitino Almeida N'gola". Nas fotos e pinturas cliquem nos nomes e acedam às fontes.

sexta-feira, novembro 26, 2010

Queria Eu

Mulheres de Angola

(Desenho de Neves e Sousa)


Queria Eu*


Pintar uma carta bandida

Que namorasse loucamente

Teus sentimentos


Oferecer – te a fresca

Quissângua da Mamãe Téu

E numa noite inocente

Mostrar-te as maravilhas deste

Belo céu…


Descompassadamente

Andar de mãos dadas

Contigo na calçada

E em tempos de pranto

Ser o alento

Para a sua alma

Amargurada


Dar-te um beijo fingido

Ser a alcoolemia

E embriagar teu coração de amor

Para que me pudesses

Amar perdidamente

E jamais! Te esquecerias:

Do meu beijo arrepiante

Do meu toque tocante

Do meu choque chocante


Ser o Destino

Que não pudesses fugir

O sentimento ardente

Frustrante que te

Fizesse rugir


Queria eu

Óóóóó

Mas sei que nada sou

Simplesmente

Um poeta

Que pinta o poema

Por meio da caneta....


*Sandro Feijó*

*(Poeta Universal; poeta angolano, Novembro 2010)

segunda-feira, novembro 01, 2010

Deixem-me chorar enquanto ouço Angola

(Tocadora de marimba)

(Fotografia retirada daqui)


Deixem-me chorar enquanto ouço Angola*


Deixem-me chorar baixinho

enquanto ouço Teta Lando,

deixem-me ser adulto e criança

na saudade que anda devagarinho

quando parado vou andando

nesta dor de tanta esperança.


Deixem-me chorar baixinho

enquanto ouço Elias Dia Kimuezo,

deixem-me sonhar mais um dia

olhando o horizonte mesquinho

de um sofrimento bem coeso

aliviado apenas por uma poesia.


Deixem-me chorar baixinho

enquanto ouço Carlos Lamartine

entrar numa alma despedaçada,

como se fosse um passarinho

que, como eu, também não atine

com a mangueira estilhaçada.


Deixem-me chorar baixinho

enquanto ouço Rui Mingas

nas ruas da minha memória,

esburacada pela falta de carinho

que anoitece enquanto gingas

numa saudade carente de história.


Deixem-me chorar baixinho

enquanto ouço o Paulo Flores

cantar um semba de verdade.

Deixe-me chorar bem pertinho

de todos os grandes amores

que hoje apenas são saudade.


*Orlando Castro*

*(Jornalista, poeta e contista angolano-português; poema inicialmente publicado aqui)