" 'O Pregão'; vendedora de milho de Luanda"
(Tela de Toia Neuparth)
CLÍNICA DOS PETRÓLEOS E CORPO DIPLOMÁTICO*
“A política não é apenas para ser feita pelos políticos”. Gilberto Freyre.
(Tela de Toia Neuparth)
CLÍNICA DOS PETRÓLEOS E CORPO DIPLOMÁTICO*
“A política não é apenas para ser feita pelos políticos”. Gilberto Freyre.
A libertação da escravidão é uma ilusão.
As madeiras de ébano estão estatuadas, estratificadas, no passeio do prédio passeadas. No seu tabuleiro, a velha Teresa retoca as pinturas dos rebuçados, bolachas, pastilhas elásticas, cigarros. Reajusta o gelo na caixa térmica para que as gasosas magnetizem a clientela. No centro do tabuleiro um bocado de papelão previne: NÃO ACEITO KILAPIS!
A Marta e a Emília tentam kinguilar dólares.
Passa uma ambulância com o dístico: CLÍNICA DOS PETRÓLEOS E CORPO DIPLOMÁTICO.
A velha Teresa espera que o efeito “dopler” termine e inicia a conversa habitual, interminável.
- Até agora nunca consegui entender porque é que vi a maldade sempre triunfar. E a bondade limitar-se apenas, creio que é isso, a uma mera invenção, para nos tornar submissas, obedientes e temerosas.
A Marta está atenta a um carro que parou. Parece que quer trocar.
Faz-lhe sinal com a mão. O outro renuncia. Engata-se na dica da velha Teresa.
- A abolição da escravatura foi mal feita. A escravatura e o colonialismo ainda não acabaram.
Um esfomeado da democracia incipiente colecciona qualquer coisa nos caixotes do lixo. A velha Teresa usa o seu melhor tom crítico.
- A independência deles veio para andarmos à procura da nossa liberdade nos caixotes do lixo. O que resta da nossa liberdade, está aí!
A Emília estava com cara de taxo. As duas olharam-na interrogativas, como querendo insinuar o anormal de mulher estar calada. A Emília sorriu um pouco, e concordou:
- É isso manas! Somos uma nação de escravas, dirigidas por escravocratas!
A Emília escuda-se na cara de contra-anúncio. A velha Teresa intriga-se:
- É o quê, mana Emília!?
- Porra! Esses gajos são muito feiticeiros! Primeiro enfeitiçaram-me 2.500 dólares falsos, depois mais duzentos; É pá!.. vou na igreja, não se pode estar na rua. Conseguem roubar o dinheiro que temos na carteira; é como se tivessem um aspirador.
A mana Marta já tomou defesas, um anti-feitiço.
- Eu estou a pôr um bocado de carvão e jindungo na minha carteira, para não me aspirarem o meu dinheiro.
A velha Teresa não deixa escapar nada.
- Olhem; olhem; não é a Génia?
A Génia está estacionada, disfarçada entre automóveis. Esfrega, jubila a racha num pretendente. Fazem-se festinhas, cochichos, parece que mais tarde vai fazer horas extras. A velha Teresa chateia-se:
- Então, e o brasileiro? Parece que gosta muito dela. Está sempre a trazer-lhe coisas.
A Marta antecipa-se à Emília, pouco há para esclarecer.
- Oh! Qualquer um lhes serve.
A velha Teresa retoma o rumo dos habituais impropérios.
- Porra! É por isso que as pixas e mais essa merda toda me metem nojo. Ah; é por isso que nunca mais quis homem.
- Eu também não. Desde que o filho da puta do meu marido me deu chapadas na cara, nunca mais quis homem. Assim estou muito bem.
Homens, que vão todos para a puta que os pariu!; – Sentenciou a Marta.
Na rádio do poder ouve-se um governante alardear os seus feitos.
Publicita a inauguração de uma vulgar estrada, que se Deus quiser aguentará uns meses. Depois reconstrói-se e as comissões também. «E o que os colonos não conseguiram fazer em cem anos, nós acabámos de o fazer agora»
- É o ministro militante, triunfante da ainda vanguarda da classe operária e camponesa. – Gozou a Marta.
- Continuam a roubar-nos as terras, os terrenos; até fazem dos passeios armazéns de contentores, e agora parece que são os prédios; já nos tiraram fotografia. – Alertou a velha Teresa
- A nossa África Negra é o paraíso dos aventureiros e dos governantes sem escrúpulos. – Lembrou a Emília.
A Marta e a Emília olham fixamente, longamente para a velha Teresa que se assusta.
- É o quê manas? Não gosto nada que me olhem assim. Até parece que cheiro a catinga, ou tenho peçonha.
- Depois do arrombo que os feiticeiros nos deram, estamos a ficar aflitas com dinheiro. Pois é; como é; o dinheiro que te emprestámos, nada? A tua filha de Portugal, ainda? – Interrogou a mana Emília.
- É manas, estou bem fodida! A minha filha telefonou-me, disse-me que agora não dá, que comprou brutas roupas; é, vai-me enviar rebuçados, e que depois me enviará o dinheiro. – Justificou a velha Teresa.
Dois seguranças aguentam duas portentosas, rebentos de madeiras de ébano com dez anos de idade. A lábia delas é convincente:
- Vá lá; arriámos para dez dólares!
- É pá, não chateiem! Mas vocês não têm família? Não têm vergonha, ainda tão crianças? Deviam estar numa escola ou numa creche! – Aconselhou um segurança.
- Ah! seus burros, parvalhões! – Insultou a que parecia a chefe.
E foram-se frias com as rachinhas quentinhas na noite acalorada. Se não conseguirem rachador, não haverá comida, gasosa, e roupinhas.
A velha Teresa abana a cabeça descontente. Pisa fundo no acelerador da inconsciência nacional.
- Ainda agora nasceram, e já a sofrer assim? Meu Deus!
- Há muitos pedófilos entre nós nacionais; são uma das nossas instituições milenares. – Disse a Marta.
- Esta nossa pedofilia só é denunciada quando feita por estrangeiros! – Exclamou a Emília.
O homem conduz o seu carro agitadamente. Vê-se que está com muita pressa. Só pode ser por causa de um negócio. Vê um mendigo, um esfomeado à frente do carro a pedir esmola. Olha para o relógio e vê que está atrasado. Se perder o negócio perderá muito dinheiro.
Acelera e passa por cima do faminto, deixando-o esmagado, abandonado na via.
A quinze passos à esquerda do prédio está uma criança na porta do supermercado. O segurança enxota-a. Como fazem as moscas, a criança retorna. O segurança afugenta-a e vai e volta, vai e volta. O segurança interroga-a com a cabeça. A resposta é sempre a mesma:
- Tenho fome! Quero pão!
O segurança está cansado, não aguenta mais tanto rodopiar. Grita-lhe:
- Queres pão!? Vem cá!
O desgraçadinho acredita que conseguiu. Aproxima-se confiante e leva duas boas cacetadas nas costas. O segurança repete a pergunta:
- Queres mais pão!?
Um pouco mais à direita um homem que decerto é louco intenta arrancar uma terna árvore. A velha Teresa perguntam-lhe:
- Oiça, faz isso porquê?
- Vou construir aqui um casino. As árvores não me dão dinheiro.
Para chatear ainda mais, surge vendaval. As árvores agitam-se, querem roçar o chão. O lixo voa por todo o lado. Começam a cair os primeiros pingos robustos. Vai ser uma boa chuvada. A velha Teresa aflige-se, refugia-se com a mercadoria dentro do prédio.
- Merda para esta chuva! É quase assim todos os dias. Hoje não vou vender quase nada outra vez.
Eis que surgem novos-ricos. Os auto-eleitos presidente e vice-presidente do prédio. O presidente quer passar, mas o tabuleiro da velha Teresa não deixa. Então o presidente ataca:
- Já disse para acabarem com esta pouca-vergonha. Vão vender para outro lado!
A mana Emília fala bem português. A Marta e a velha Teresa também.
A Emília desfere um contra-ataque.
- Hum!.. mas você comprou o apartamento ou o prédio?
A seguir a comitiva está presente a esposa do presidente. A entrada já tem uma pocinha de água.
- Mas que chatice, que javardice. Vou molhar os meus sapatos e o seu delicado conteúdo.
- Porque é que não fazes como nós? Anda de chinelos! – Solucionou a velha Teresa.
- Eu!?.. Era só o que me faltava! Só usarei chinelos quando for pobre como vocês!
As madeiras de ébano reprovam-na agitando as cabeças. A velha Teresa é a primeira a recobrar-se do desânimo:
- Dantes eram os brancos, agora são os negros que nos escravizam.
Ai!.. manas; afinal lutámos pela nossa independência para quê? É tudo deles! Viva a nossa independência de escravas! Filhos da puta! Puta que os pariu!
Falta o mulato Eros, que desce as escadas triunfal. Com dezoito anos já tem duas filhas de duas adolescentes. Vem com uma negrinha, muito jovenzinha que intoxica as narinas com o cheiro de perfume muito barato. Só pode ser por causa da falta de água. Banhou-se com perfume para esconder o cheiro da catinga. E a Emília resume a vigilância, a contagem do mulherengo:
- Desde o meio da manhã até agora, esse mulato já subiu e desceu com seis negras. É um grande fodilhão. O gajo toma remédios.
E os congressos e os debates extermináveis prosseguem-se. Desdiz-se sempre a mesma coisa. Nada há de novo. Excepto o reino que se afunda, na miséria, na fome. E o dinheiro petrolífero, diamantífero abunda, abundante. Está o dinheiro nos bancos das contas pessoais, muito impessoais, muito secretas.
Tudo está como no Livro do Pragador.
*Gil Gonçalves*
As madeiras de ébano estão estatuadas, estratificadas, no passeio do prédio passeadas. No seu tabuleiro, a velha Teresa retoca as pinturas dos rebuçados, bolachas, pastilhas elásticas, cigarros. Reajusta o gelo na caixa térmica para que as gasosas magnetizem a clientela. No centro do tabuleiro um bocado de papelão previne: NÃO ACEITO KILAPIS!
A Marta e a Emília tentam kinguilar dólares.
Passa uma ambulância com o dístico: CLÍNICA DOS PETRÓLEOS E CORPO DIPLOMÁTICO.
A velha Teresa espera que o efeito “dopler” termine e inicia a conversa habitual, interminável.
- Até agora nunca consegui entender porque é que vi a maldade sempre triunfar. E a bondade limitar-se apenas, creio que é isso, a uma mera invenção, para nos tornar submissas, obedientes e temerosas.
A Marta está atenta a um carro que parou. Parece que quer trocar.
Faz-lhe sinal com a mão. O outro renuncia. Engata-se na dica da velha Teresa.
- A abolição da escravatura foi mal feita. A escravatura e o colonialismo ainda não acabaram.
Um esfomeado da democracia incipiente colecciona qualquer coisa nos caixotes do lixo. A velha Teresa usa o seu melhor tom crítico.
- A independência deles veio para andarmos à procura da nossa liberdade nos caixotes do lixo. O que resta da nossa liberdade, está aí!
A Emília estava com cara de taxo. As duas olharam-na interrogativas, como querendo insinuar o anormal de mulher estar calada. A Emília sorriu um pouco, e concordou:
- É isso manas! Somos uma nação de escravas, dirigidas por escravocratas!
A Emília escuda-se na cara de contra-anúncio. A velha Teresa intriga-se:
- É o quê, mana Emília!?
- Porra! Esses gajos são muito feiticeiros! Primeiro enfeitiçaram-me 2.500 dólares falsos, depois mais duzentos; É pá!.. vou na igreja, não se pode estar na rua. Conseguem roubar o dinheiro que temos na carteira; é como se tivessem um aspirador.
A mana Marta já tomou defesas, um anti-feitiço.
- Eu estou a pôr um bocado de carvão e jindungo na minha carteira, para não me aspirarem o meu dinheiro.
A velha Teresa não deixa escapar nada.
- Olhem; olhem; não é a Génia?
A Génia está estacionada, disfarçada entre automóveis. Esfrega, jubila a racha num pretendente. Fazem-se festinhas, cochichos, parece que mais tarde vai fazer horas extras. A velha Teresa chateia-se:
- Então, e o brasileiro? Parece que gosta muito dela. Está sempre a trazer-lhe coisas.
A Marta antecipa-se à Emília, pouco há para esclarecer.
- Oh! Qualquer um lhes serve.
A velha Teresa retoma o rumo dos habituais impropérios.
- Porra! É por isso que as pixas e mais essa merda toda me metem nojo. Ah; é por isso que nunca mais quis homem.
- Eu também não. Desde que o filho da puta do meu marido me deu chapadas na cara, nunca mais quis homem. Assim estou muito bem.
Homens, que vão todos para a puta que os pariu!; – Sentenciou a Marta.
Na rádio do poder ouve-se um governante alardear os seus feitos.
Publicita a inauguração de uma vulgar estrada, que se Deus quiser aguentará uns meses. Depois reconstrói-se e as comissões também. «E o que os colonos não conseguiram fazer em cem anos, nós acabámos de o fazer agora»
- É o ministro militante, triunfante da ainda vanguarda da classe operária e camponesa. – Gozou a Marta.
- Continuam a roubar-nos as terras, os terrenos; até fazem dos passeios armazéns de contentores, e agora parece que são os prédios; já nos tiraram fotografia. – Alertou a velha Teresa
- A nossa África Negra é o paraíso dos aventureiros e dos governantes sem escrúpulos. – Lembrou a Emília.
A Marta e a Emília olham fixamente, longamente para a velha Teresa que se assusta.
- É o quê manas? Não gosto nada que me olhem assim. Até parece que cheiro a catinga, ou tenho peçonha.
- Depois do arrombo que os feiticeiros nos deram, estamos a ficar aflitas com dinheiro. Pois é; como é; o dinheiro que te emprestámos, nada? A tua filha de Portugal, ainda? – Interrogou a mana Emília.
- É manas, estou bem fodida! A minha filha telefonou-me, disse-me que agora não dá, que comprou brutas roupas; é, vai-me enviar rebuçados, e que depois me enviará o dinheiro. – Justificou a velha Teresa.
Dois seguranças aguentam duas portentosas, rebentos de madeiras de ébano com dez anos de idade. A lábia delas é convincente:
- Vá lá; arriámos para dez dólares!
- É pá, não chateiem! Mas vocês não têm família? Não têm vergonha, ainda tão crianças? Deviam estar numa escola ou numa creche! – Aconselhou um segurança.
- Ah! seus burros, parvalhões! – Insultou a que parecia a chefe.
E foram-se frias com as rachinhas quentinhas na noite acalorada. Se não conseguirem rachador, não haverá comida, gasosa, e roupinhas.
A velha Teresa abana a cabeça descontente. Pisa fundo no acelerador da inconsciência nacional.
- Ainda agora nasceram, e já a sofrer assim? Meu Deus!
- Há muitos pedófilos entre nós nacionais; são uma das nossas instituições milenares. – Disse a Marta.
- Esta nossa pedofilia só é denunciada quando feita por estrangeiros! – Exclamou a Emília.
O homem conduz o seu carro agitadamente. Vê-se que está com muita pressa. Só pode ser por causa de um negócio. Vê um mendigo, um esfomeado à frente do carro a pedir esmola. Olha para o relógio e vê que está atrasado. Se perder o negócio perderá muito dinheiro.
Acelera e passa por cima do faminto, deixando-o esmagado, abandonado na via.
A quinze passos à esquerda do prédio está uma criança na porta do supermercado. O segurança enxota-a. Como fazem as moscas, a criança retorna. O segurança afugenta-a e vai e volta, vai e volta. O segurança interroga-a com a cabeça. A resposta é sempre a mesma:
- Tenho fome! Quero pão!
O segurança está cansado, não aguenta mais tanto rodopiar. Grita-lhe:
- Queres pão!? Vem cá!
O desgraçadinho acredita que conseguiu. Aproxima-se confiante e leva duas boas cacetadas nas costas. O segurança repete a pergunta:
- Queres mais pão!?
Um pouco mais à direita um homem que decerto é louco intenta arrancar uma terna árvore. A velha Teresa perguntam-lhe:
- Oiça, faz isso porquê?
- Vou construir aqui um casino. As árvores não me dão dinheiro.
Para chatear ainda mais, surge vendaval. As árvores agitam-se, querem roçar o chão. O lixo voa por todo o lado. Começam a cair os primeiros pingos robustos. Vai ser uma boa chuvada. A velha Teresa aflige-se, refugia-se com a mercadoria dentro do prédio.
- Merda para esta chuva! É quase assim todos os dias. Hoje não vou vender quase nada outra vez.
Eis que surgem novos-ricos. Os auto-eleitos presidente e vice-presidente do prédio. O presidente quer passar, mas o tabuleiro da velha Teresa não deixa. Então o presidente ataca:
- Já disse para acabarem com esta pouca-vergonha. Vão vender para outro lado!
A mana Emília fala bem português. A Marta e a velha Teresa também.
A Emília desfere um contra-ataque.
- Hum!.. mas você comprou o apartamento ou o prédio?
A seguir a comitiva está presente a esposa do presidente. A entrada já tem uma pocinha de água.
- Mas que chatice, que javardice. Vou molhar os meus sapatos e o seu delicado conteúdo.
- Porque é que não fazes como nós? Anda de chinelos! – Solucionou a velha Teresa.
- Eu!?.. Era só o que me faltava! Só usarei chinelos quando for pobre como vocês!
As madeiras de ébano reprovam-na agitando as cabeças. A velha Teresa é a primeira a recobrar-se do desânimo:
- Dantes eram os brancos, agora são os negros que nos escravizam.
Ai!.. manas; afinal lutámos pela nossa independência para quê? É tudo deles! Viva a nossa independência de escravas! Filhos da puta! Puta que os pariu!
Falta o mulato Eros, que desce as escadas triunfal. Com dezoito anos já tem duas filhas de duas adolescentes. Vem com uma negrinha, muito jovenzinha que intoxica as narinas com o cheiro de perfume muito barato. Só pode ser por causa da falta de água. Banhou-se com perfume para esconder o cheiro da catinga. E a Emília resume a vigilância, a contagem do mulherengo:
- Desde o meio da manhã até agora, esse mulato já subiu e desceu com seis negras. É um grande fodilhão. O gajo toma remédios.
E os congressos e os debates extermináveis prosseguem-se. Desdiz-se sempre a mesma coisa. Nada há de novo. Excepto o reino que se afunda, na miséria, na fome. E o dinheiro petrolífero, diamantífero abunda, abundante. Está o dinheiro nos bancos das contas pessoais, muito impessoais, muito secretas.
Tudo está como no Livro do Pragador.
*Gil Gonçalves*
*(um português algures em Angola; conto original, Janeiro de 2008)