"Lua Vermelha (Red Moon)"
(Lua sobre Baía de Guanabara; Foto de Jim Skea)
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A LUA*
bate em tua porta
golpeia a lua oblíqua
lua nua da rua
formosa estrela do crepúsculo
se finges que não ouves
não sou eu quem te procura
não sou eu que ando na rua
é minha saudade viúva
tão teimosa
tão andarilha
tão vadia
transformou-se em aura
virou brisa
tornou-se fria
peregrina a tua procura
anda despida e geme
soluça pelas veredas
os anjos se desmancham
debruçados no destino
da minha nostalgia
abandonada e triste
se finges tanto
não é para mim
é para ela que devias
abre a alma
ampara essa lembrança
ela já não me serve
dentro dos livros
por entre versos
perdida
tão esquecida
nem lembro mais de mim
coronas cansadas
flamejam frágeis
os cristais de gelo irisados
que vagavam com elas
agora são esse véu
que se derrama
vertígios de claridade
beijando tua porta abre
*Edmir Carvalho**(poeta brasileiro; poema retirado daqui)