(foto ©elcalmeida)
Quase tantos quantos os que, periodicamente e sempre que
posso, vou até ao Algarve ver e sentir o ar do nosso Continente Africano que a
maresia nos oferece através de pequeninas e saborosas gotículas.
Pois ela vem ter sempre connosco no primeiro ou segundo
dia, fica na varanda deitada, por vezes olha para a porta e para a portada
abertas mas nunca, mas nunca, alguma vez, colocou uma pata que fosse no beiral
delas.
Por vezes damos-lhe alguma coisa que coma e come como não
quisesse fazer desfeita e volta a deitar-se.
Quando considera que já nos fez a sua companhia, vai se
embora e volta no dia seguinte.
Até aqui, nada demais, se…
Se não fosse o facto de no dia que nos vamos embora, por
regra, nunca aparecer à varanda como se procurasse evitar despedidas e soubesse
que na próxima etapa aí estaremos de novo e, de novo, ela virá
cumprimentar-nos.
E, complementarmente, a gata parece ser muda, mas, quando
algum outro similar aparece onde ela considere não oportuno, não tem problemas
em, diria… grunhir!
Todavia é interessante como ela é meiga e demonstra algum
carinho com alguns dos que por lá andam, nomeadamente uma que tem todas as
características semelhantes, como se fosse filha, com a particularidade de ser
muda e quase cega.
Ainda desta última vez e no último dia, logo pela manhã,
lá estava deitada entre a entrada e a porta junto ao muro-floral.
Discreta, muda, sossegada.
Se lhe derem alguma coisa de comida – o que aconteceu –,
aceita, come, fica um pouco ali como que a fazer companhia agradecendo o gesto
e vai-se embora.
À tarde, por volta do almoço, como que tendo percebido que
nos iríamos embora e como não gostando de despedidas nem por lá passou.
Ou seja, continuou discreta, muda e sossegada desta vez
num qualquer outro lugar que tenha adoptado.
Até uma próxima vez…
*Eugénio Costa Almeida*
*(feito algures no Algarve, Portugal, em Junho de 2012)
*Eugénio Costa Almeida*
*(feito algures no Algarve, Portugal, em Junho de 2012)