O que é este Blogue?

Quando se junta uma amálgama de palavras, um conto ou um poema podem sempre emergir. A sua divulgação fará que não morram esconsos numa escura e funda gaveta. Daí que às minhas palavras quero juntar as de outros que desejem participar. Os meus trabalhos estão publicados sob o pseudónimo: "Lobitino Almeida N'gola". Nas fotos e pinturas cliquem nos nomes e acedam às fontes.

terça-feira, dezembro 24, 2024

My Christmas Tree

 



Leafy,
arrogant,
potbellied 
and bastion
wide crown,
misshapen
its hanging fruits
like Christmas ornaments
such is my tree.

Every year
present in a burning sun,
as my witness,
it sees my gift.

Every year
on this festive day,
the ritual is the same
I unwrap the gift:
a book,
always a book,
and in the notable strains
that endure,
I sit,
I thresh it
I enjoy it
calmly and quietly.

It is my Christmas tree
wide,
enormous,
misshapen
it embraces me;
the múcua* are the fruits
like Christmas decorations
hanging
invariably brownish!

t is my Christmas tree
it is the Baobab**!

(Lisbon, December 2010)

*múcua: fruit of the Baobab tree
** In Angola, the Baobab tree is called “Imbondeiro” or “Embondeiro”.

Poem published in my book "Mazuí, poems, stories, and other words," pages 80 to 82, edition by Perfil Criativo Edições / Autores.club, November 2019. All my poetry is published under the pseudony Lobitino Almeida Ngola.

[image created by the author]

segunda-feira, abril 04, 2022

Estes são os meus livros


Estes são os meus livros (ensaios e o de poesia e contos:"Mazuí..." - o último da direita) e publicados entre 2003 e 2019.

Além destes há os que eu estou como participante, a grande maioria, como convidado

sexta-feira, abril 20, 2018

A Vida de um Homem (À memória do meu pai, em Angola)

“Árvore derrubada (ou quando árvore simboliza um País…)”

“foto (c(JFRodrigues


A Vida de um Homem*

(À memória do meu pai, em Angola)

Na infância disseram-lhe
que um homem só cumpre o destino
se plantar uma árvore,
fizer um filho
e escrever um livro.
Na infância plantou a árvore.
Quando já era adulto
fez os filhos
e foi construindo a casa.
Mais tarde,
quando o livro da vida
entrava no capítulo final
e a árvore estava alta, frondosa,
veio um vendaval,
derrubou a árvore
e destruiu-lhe a casa.

*José Filipe Rodrigues*
(Poeta e contista Angolano; MA, USA, Abril/2018)

sábado, janeiro 13, 2018

Serei poeta?


Serei poeta?*

Não sei se sou poeta,
ou se só junto vocábulos
numa nuvem de alegoria ribeirada,
onde o verde, é a orla bordada,
e o azul, o riacho marginal
de uma construção serpenteada
engastada num alvo papel,
desaguando miríadas promessas,
de elementares desconexas
a ulterioras encadeações,
numa embocadura,
 em total desordem,
não reversiva!

*Lobitino Almeida N’gola**

** escrito em 21 de Março de 2017 (publicado na Agenda Poética 2018 "Mangwana", no mês do autor, Novembro; capa da artista Isabel Nunes e edição da CEMD)

quinta-feira, julho 13, 2017

Liberdade

(Debaixo de um novo Céu)
(Dilia Fraguito Samarth)

Liberdade*

Olho para a tua alma
Vejo o outro lado da cidade a florir

Sonhos abraçam o nada na intensidade de uma certeza
Crianças ao relento da mocidade
Comungam o pai nosso da esperança

Tu não me podes dar carta branca
Eu sou um pássaro

As cinzas da minha dolente alma
Alcançaram a imortalidade no paraíso das palavras

As minhas lágrimas compraram  hectares de sorrisos
Nesta de deserto de queixumes
Recuso oferecer-te o meu clandestino abraço

(...) Alcancei a imortalidade

na dimensão de um adeus(...)

*Sandro Feijó*
*(Poeta angolano, Julho 2017 - inédito)

Espelho...

(Look in the mirror)
(ver aqui)

ESPELHO...*

Olho para a tua alma
Vejo o outro lado da cidade a florir

Sonhos abraçam o nada na intensidade de uma certeza
Crianças ao relento da mocidade

Comungam o pai nosso da esperança

*Sandro Feijó*
*(Poeta angolano, Julho 2017 - inédito)

sábado, julho 01, 2017

Aos muenexi da utopia, Kana!

(Revista Cultural Licungo, nº 5/Vov/2016)
(Foto ©Elcalmeida ; edição da CEMD)


Aos muenexi da utopia, Kana!* **

Kamba Eié!
Adormece sossegado,
e não te sintas sobressaltado.

Os muenexi da utopia
avassalaram o poder,
mas quando o dia tornar,
podes confiar,
que eles, zuna, bailarão.

Kamba, quando soar o dia,
quedarás numa imensa exultação;
tudo irá sulcar, florir,
nas anharas que fui capaz de criar
na tua afeição.

Kamba, eié!
Eles vão tomar berrida,
com falta de coragem de atender
a harmonia que conseguimos espalhar
e inundar bué, a chitaca, com a poesia
que serve para alimentar.
a kinda do nosso dia-a-dia.

Depois, de mão dada,
fimbaremos por aquela picada,
construída pelos nossos secúlos,
que nos levará a nós,
jamais sós.

Kamba, meu Kota, Eié!
Adormece retraído,
mas não te sintas abalado;
aos muenexi da utopia,
kiabolo, diremos… Kana!

Glossário (do kimbundo)
anharas – planície de capim (erva) rasteiro
bué – muito
chitaca – pequena fazenda, geralmente hortícola
eié – olá
fimbar(emos) – mergulhar
Kamba – Amigo
kana – não
kiabolo – podres
kinda – cesta
Kota – Mais velho (termo respeitoso)
muenexi – donos
picada – estrada
secúlos – idosos, ancestrais, avós
zuna – muito depressa

*Lobitino Almeida Ngola*
*Lisboa, Setembro de 2016

** Publicado no livro “Revista Cultural Licungo nº 5/Nov/2016”, páginas 88 e 89; edição CEMD