"Quitandeiras"“
(Foto da Etnografia angolana; daqui)
Névoas*
Vão-se os gorjeios em dias
vazios de sons.
Sobre estas calçadas
frias de granito
não há nada que seja
tempo
som
vento
cheiro bom.
Tudo flui! Tudo é nada!
Só a voz longe-longe das quitandeiras
do Lobito
ressoam ao vento-pregão
percorrendo Caponte e Compão:
-Xi fèrreraaa, mariquitaaa...
enchendo o ar da saudade
de tempo-peixe
de tempo-cheiro
condensado em novelos de cacimbo,
névoa, nada e mais nada.
(Foto da Etnografia angolana; daqui)
Névoas*
Vão-se os gorjeios em dias
vazios de sons.
Sobre estas calçadas
frias de granito
não há nada que seja
tempo
som
vento
cheiro bom.
Tudo flui! Tudo é nada!
Só a voz longe-longe das quitandeiras
do Lobito
ressoam ao vento-pregão
percorrendo Caponte e Compão:
-Xi fèrreraaa, mariquitaaa...
enchendo o ar da saudade
de tempo-peixe
de tempo-cheiro
condensado em novelos de cacimbo,
névoa, nada e mais nada.
Quitandeiras – vendedouras de peixe ou fruta.
Cacimbo – nevoeiro, tempo da estação seca.
*Namibiano Ferreira*
*(Poeta angolano; gentilmente cedido pelo autor)
Cacimbo – nevoeiro, tempo da estação seca.
*Namibiano Ferreira*
*(Poeta angolano; gentilmente cedido pelo autor)
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