"Mulheres na Praia da Ilha"
(Pintura de Bossa(?); pertence à colecção da Univ. Lusíada de Angola; Luanda)
Ser Tigre*
O tigre ignora a liberdade do salto
é como se uma mola o compelisse a pular.
Entre o cio e a cópula
o tigre não ama.
Ele busca a fêmea
como quem procura comida.
Sem tempo na alma,
é no presente que o tigre existe.
Nenhuma voz lhe fala da morte.
O tigre, já velho, dorme e passa.
Ele é esquivo,
não há mãos que o tomem.
Não soa,
porque não respira.
É menos que embrião
abaixo do ovo,
infra-sémen.
Não tem forma,
é quase nada, parece morto.
Porém existe,
por isso espera.
Epopeia, canção de amor,
epigrama, ode moderna, epitáfio,
Ele será
quando for tempo disso.
(Pintura de Bossa(?); pertence à colecção da Univ. Lusíada de Angola; Luanda)
Ser Tigre*
O tigre ignora a liberdade do salto
é como se uma mola o compelisse a pular.
Entre o cio e a cópula
o tigre não ama.
Ele busca a fêmea
como quem procura comida.
Sem tempo na alma,
é no presente que o tigre existe.
Nenhuma voz lhe fala da morte.
O tigre, já velho, dorme e passa.
Ele é esquivo,
não há mãos que o tomem.
Não soa,
porque não respira.
É menos que embrião
abaixo do ovo,
infra-sémen.
Não tem forma,
é quase nada, parece morto.
Porém existe,
por isso espera.
Epopeia, canção de amor,
epigrama, ode moderna, epitáfio,
Ele será
quando for tempo disso.
*Arménio Vieira*
*(poeta cabo-verdiano, Prémio Camões 2009; poema retirado daqui e publicado inicialmente em "Vozes poéticas da lusofonia", Sintra, 1999)
*(poeta cabo-verdiano, Prémio Camões 2009; poema retirado daqui e publicado inicialmente em "Vozes poéticas da lusofonia", Sintra, 1999)
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