"Bocóio, Terra Vermelha"
"Foto de DaSilva, Lili"
A terra vermelha, o embondeiro*
Não! Já não tenho saudades do império.
Apenas, a memória que reprimo,
nos muitos pedaços de uma guerra
que não deveria ter acontecido.
Tão bárbara como todas as guerras,
sempre inconscientes
nos seus próprios mortos.
Sobretudo, no dia seguinte
ao fim da guerra,
nessa ilusão de tratados,
a que chamam paz.
A manga que cai da árvore,
os jacarés da barra do Kwanza
a terra vermelha, o embondeiro,
nesta terra de tórridas saudades,
e o recanto mais recôndito
de todos os recontros.
Verão de Angola sabe a sumo de papaia,
em hora de pequeno almoço.
*
*(Cientista político; poeta português – poema retirado da obra “Sobre o tempo que passa”)
Sem comentários:
Enviar um comentário