Pátria nossa sacrificada por ambições e traições
Desenfreados em busca das tuas riquezas
Provocando entre os teus filhos a miséria, a morte
E destruição descontroladas
Dum futuro que não aconteceu
Torrão pátrio...jamais ouvimos
O chilrear dos passarinhos, o cantar das cigarras
O murmúrio das cascatas, o silêncio dos regatos
O sibilar forte dos ventos nas anharas,
Nos sertões e florestas verdejantes,
Não olfatamos o cheiro acre dos teus frutos silvestres,
E apetitosos, o tamborilar das tuas chuvas generosas,
Nos telhados dos zincos dos muceques. Oh! Já não!
Ouvimos sim, ribombar dos trovões
Enfurecidos lançando os seus clarões, rasgando o céu
E o Sol com o seu brilho entristecido,
Contemplamos sim os nossos regatos, rios e cachoeiras
Tingidos de sangue inocente de filhos teus,
Que esperam e desesperam nesta Pátria nossa
O prometido que lhes foi recusado.
E lá longe escutamos os tantãs
Dos nossos Antepassados,
Soando seus lamentos de desespero
De angústia e choros de seus filhos amados
Gente amargurada que sofre, mas que tem petróleo
Café, diamantes, muamba, mufete, kissangi e
Tradições, mas sem Paz e continua pobre.
*José Emil Becker*
*(Poeta Angolano, retirado, com a devida vénia, do Facebook)
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