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Quando se junta uma amálgama de palavras, um conto ou um poema podem sempre emergir. A sua divulgação fará que não morram esconsos numa escura e funda gaveta. Daí que às minhas palavras quero juntar as de outros que desejem participar. Os meus trabalhos estão publicados sob o pseudónimo: "Lobitino Almeida N'gola". Nas fotos e pinturas cliquem nos nomes e acedam às fontes.

quarta-feira, setembro 25, 2013

A Vaga

(Calema em Porto Amboim, Kwanza Sul, daqui)

A Vaga*

Alva-celeste acorre,
na fina dourada areia,
excita-se, desmaia,
e em castanho-escuma,
de mansinho, ausenta-se.

É a vaga
que uma a uma
em sucessão
sem interrupção
na terra xaxata,
no mar adensa,
e em kalemba
horrenda,
grandiosa,
se modela;
e nas encostas,
qual kianda irosa,
ribomba.

É a vaga trovadora
que na costa semba,
na baía, qual uanga, acalora
e a alma da Restinga faz brilhar.

Glossário:
Kalemba (aportuguesado como calema), ondas alterosas, agitação violenta do mar;
Kianda, (plural Ianda), um espírito das águas
Restinga, pequena e estreita península que entra pelo mar dentro, no caso, uma homenagem ao local onde nasci, na cidade do Lobito.
Semba(verbo sembar), requebrar-se, dar umbigadas, dançar.
Uanga, feitiço.
Xaxata(verbo xaxatar), tocar, apalpar

*Lobitino Almeida N’gola*
* (escrito a 17 Setembro 2012)

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