"Caminho de Casa"
(Tela de José G. Pereira Neto)
A minha Casa*
A minha casa
É fácil de localizar
É fácil de encontrar,
Basta ires sempre em frente
Para além da linha do horizonte
É fácil concerteza
Primeiro encontras lixo
Lixo e pessoas em convivência
E em harmonia,
Lixo na parte de baixo
E na parte de cima
Lixo e pessoas em convivência íntima
Mais adiante
E com o mau cheiro crescente
Encontras uma lagoa
E nela, crianças a banharem
Crianças a brincarem
Na maior, numa boa
Mais a frente
Entras em becos estreitos
Becos pequenos e apertaditos
É fácil, é só teres isto em mente
Becos e suas enxurradas
Becos e suas águas estagnadas
Sempre em frente
Para além da linha do horizonte
Lá onde a água corrente
Lá onde a água potável
Passa muito distante
E da cor do invisível!
Sempre em frente
Para além da linha do horizonte
Lá onde a luz eléctrica
Connosco brinca
Qual nuvem passageira
Que ora vai, ora vem zombateira!
Sempre em frente
Para além da linha do horizonte
Cheiro de kaporroto no ar
Cheiro de kimbombo a vibrar
Nossas bebidas do dia-a-dia
Nossas bebidas nossa companhia
E no quintal da minha casa
Há jovens a falar alto bêbedos
Jovens cansados, frustrados e arrebentados
São os meus kambas
Kambas das bebedeiras e das malambas
É fácil de localizar concerteza,
Sempre em frente
Para além da linha do horizonte!
(Tela de José G. Pereira Neto)
A minha Casa*
A minha casa
É fácil de localizar
É fácil de encontrar,
Basta ires sempre em frente
Para além da linha do horizonte
É fácil concerteza
Primeiro encontras lixo
Lixo e pessoas em convivência
E em harmonia,
Lixo na parte de baixo
E na parte de cima
Lixo e pessoas em convivência íntima
Mais adiante
E com o mau cheiro crescente
Encontras uma lagoa
E nela, crianças a banharem
Crianças a brincarem
Na maior, numa boa
Mais a frente
Entras em becos estreitos
Becos pequenos e apertaditos
É fácil, é só teres isto em mente
Becos e suas enxurradas
Becos e suas águas estagnadas
Sempre em frente
Para além da linha do horizonte
Lá onde a água corrente
Lá onde a água potável
Passa muito distante
E da cor do invisível!
Sempre em frente
Para além da linha do horizonte
Lá onde a luz eléctrica
Connosco brinca
Qual nuvem passageira
Que ora vai, ora vem zombateira!
Sempre em frente
Para além da linha do horizonte
Cheiro de kaporroto no ar
Cheiro de kimbombo a vibrar
Nossas bebidas do dia-a-dia
Nossas bebidas nossa companhia
E no quintal da minha casa
Há jovens a falar alto bêbedos
Jovens cansados, frustrados e arrebentados
São os meus kambas
Kambas das bebedeiras e das malambas
É fácil de localizar concerteza,
Sempre em frente
Para além da linha do horizonte!
Glossário:
Becos: ruelas tipicas dos musseques, dos bairros pobres
Kambas: amigos
Malambas: tristezas, amarguras, conversas, palavras
Kaporroto: bebida caseira angolana
Kimbombo: bebida caseira angolana
*Décio Bettencourt Mateus*
*(poeta angolano; poema da obra “Fúria do Mar”; retirado daqui)
Becos: ruelas tipicas dos musseques, dos bairros pobres
Kambas: amigos
Malambas: tristezas, amarguras, conversas, palavras
Kaporroto: bebida caseira angolana
Kimbombo: bebida caseira angolana
*Décio Bettencourt Mateus*
*(poeta angolano; poema da obra “Fúria do Mar”; retirado daqui)
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