(Revista Cultural
Licungo, nº 5/Vov/2016)
Aos muenexi da utopia, Kana!* **
Kamba Eié!
Adormece sossegado,
e não te sintas sobressaltado.
Os muenexi da utopia
avassalaram o poder,
mas quando o dia tornar,
podes confiar,
que eles, zuna, bailarão.
Kamba, quando soar o dia,
quedarás numa imensa exultação;
tudo irá sulcar, florir,
nas anharas que fui capaz de criar
na tua afeição.
Kamba, eié!
Eles vão tomar berrida,
com falta de coragem de atender
a harmonia que conseguimos espalhar
e inundar bué, a chitaca, com a poesia
que serve para alimentar.
a kinda do nosso dia-a-dia.
Depois, de mão dada,
fimbaremos por aquela picada,
construída pelos nossos secúlos,
que nos levará a nós,
jamais sós.
Kamba, meu Kota, Eié!
Adormece retraído,
mas não te sintas abalado;
aos muenexi da utopia,
kiabolo, diremos… Kana!
Glossário (do kimbundo)
anharas
– planície de capim (erva) rasteiro
bué –
muito
chitaca
– pequena fazenda, geralmente hortícola
eié –
olá
fimbar(emos)
– mergulhar
Kamba
– Amigo
kana
– não
kiabolo
– podres
kinda
– cesta
Kota
– Mais velho (termo respeitoso)
muenexi
– donos
picada
– estrada
secúlos
– idosos, ancestrais, avós
zuna –
muito depressa
*Lobitino Almeida Ngola*
*Lisboa, Setembro de 2016
** Publicado no livro “Revista Cultural Licungo nº 5/Nov/2016”, páginas 88
e 89; edição CEMD
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