"Cosmogonia do Imbondeiro"
(Tela de Filomena Conquenão, 1989, daqui)
Eterna sentinela*
Abandonado e só,
o Imbomdeiro,
figura milenária do sertão,
tem a dolorosa expressão
de quem foi condenado
por toda a vida
a sofrer na costa de África
o seu destino maldito.
Não conhece os milagres do amor,
e junto a si jamais teve o carinho
ou a ternura saudável
da mais humilde flor.
Imbondeiro desgraçado,
filósofo triste e pensativo,
filósofo da paisagem,
mártir e santo que alguém tivesse encontrado
no inferno de Dante
e conduzisse a este sol abrasador:
- Tu és a estátua gigante
da minha dor!
(Tela de Filomena Conquenão, 1989, daqui)
Eterna sentinela*
Abandonado e só,
o Imbomdeiro,
figura milenária do sertão,
tem a dolorosa expressão
de quem foi condenado
por toda a vida
a sofrer na costa de África
o seu destino maldito.
Não conhece os milagres do amor,
e junto a si jamais teve o carinho
ou a ternura saudável
da mais humilde flor.
Imbondeiro desgraçado,
filósofo triste e pensativo,
filósofo da paisagem,
mártir e santo que alguém tivesse encontrado
no inferno de Dante
e conduzisse a este sol abrasador:
- Tu és a estátua gigante
da minha dor!
*Tomaz Vieira da Cruz*
*(poeta luso-angolano; poema da obra Quissange, ed. Lello, 1971)
*(poeta luso-angolano; poema da obra Quissange, ed. Lello, 1971)
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