"Noiva Muíla"
(Tela de Toia Neuparth)
Testamento*
À prostituta mais nova
do bairro mais velho e escuro
deixo os meus brincos, lavrados
em cristal, límpido e puro…
E àquela virgem esquecida,
rapariga sem ternura,
sonhando algures uma lenda,
deixo o meu vestido branco,
o meu vestido de noiva,
todo tecido de renda…
este meu rosário antigo,
oferece-o àquele amigo
que não acredita em deus…
E os livros, rosários meus
das contas de outro sofrer,
são para os homens humildes,
que nunca souberam ler.
Quanto aos meus poemas loucos,
esses, que são de dor
sincera e desordenada…
esses, que são de esperança,
desesperada mas firme,
deixo-os a ti, meu Amor…
Para que, na paz da hora,
em que a minha lama venha
beijar de longe os teus olhos,
vás por essa noite fora…
com passos feitos de lua
oferecê-los às crianças
que encontrares em cada rua…
(Tela de Toia Neuparth)
Testamento*
À prostituta mais nova
do bairro mais velho e escuro
deixo os meus brincos, lavrados
em cristal, límpido e puro…
E àquela virgem esquecida,
rapariga sem ternura,
sonhando algures uma lenda,
deixo o meu vestido branco,
o meu vestido de noiva,
todo tecido de renda…
este meu rosário antigo,
oferece-o àquele amigo
que não acredita em deus…
E os livros, rosários meus
das contas de outro sofrer,
são para os homens humildes,
que nunca souberam ler.
Quanto aos meus poemas loucos,
esses, que são de dor
sincera e desordenada…
esses, que são de esperança,
desesperada mas firme,
deixo-os a ti, meu Amor…
Para que, na paz da hora,
em que a minha lama venha
beijar de longe os teus olhos,
vás por essa noite fora…
com passos feitos de lua
oferecê-los às crianças
que encontrares em cada rua…
*Alda Lara*
*(poeta angolana; poema publicado incialmente no “ABC – Diário de Luanda” e retirado da Antologia Poética Angolana I, col. Imbondeiro, 1963)
*(poeta angolana; poema publicado incialmente no “ABC – Diário de Luanda” e retirado da Antologia Poética Angolana I, col. Imbondeiro, 1963)
2 comentários:
Caros bloguistas da lusofonia.
Convido-vos a visitarem o Despertar Consciências que tão recentemente inaugurei e que hoje aborda um tema que supostamente viaja um pouco por todos os países da nossa lusofonia e pelo exercício da democracia em cada um deles.
Conclui-se que os piores, a todos os níveis, são a Guiné e Timor, mas isso serão todos vós que poderão ainda melhor esclarecer se, eventualmente, viverem nesses países e quiserem partilhar connosco as vossas experiências.
Ficarei grata pela vossa visita.
Desde 1966 (Nova Lisboa) que conheço este Poema.
Aprendi a conhecer esta poetisa por intermédio do Furriel Portugal, da Caála.
Tinha uma discoteca (de discos) na cidade alta, a "IUBA".
Mais tarde conheci o Ernesto Lara Filho, (Um Seripipi Angolano) com quem conversava muito.
E de quem me tornei amigo.
Quem cantava este poema era a fadista Teresa Tarouca.
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