ABRIL de BRADOS MIL *
(1974 / 2005 - 25 de Abril)
Abril em Lisboa, brados Mil
Cravos, Flores, floriram
Rostos sorriram, mas…
Áfricas ensanguentadas, gemiam
Angola, Guiné e Moçambique
Maquela do Zombo, Madina do Boé e Mueda
Irmanadas, nas granadas rebentadas
Metralhadoras G3 e canhões estremeciam
Kalashenikoves – metralhadoras, e minas bailarinas
Bailando no baile da morte anunciada
Viúvas e órfãos de soldados vivos
De luto antecipado vestidos
Soldados mancebos, outros,
Dormindo com a morte, a fiel amante.
África em Guerra
Soldados portugueses, longe do Norte
Africanos guerrilheiros, a Sul, nas suas Terras
Abril de brados Mil e
Em Lisboa, não choveram balas nem obuses
Choveram flores emancipadas
Emancipando as armas e
os barões não assinalados
Passaram ainda além do Chiado e dos Algarves
Ao largo, no Tejo,
A Armada, seu fado aguardava
Em África o luso soldado, sua amada, chorava
Em Portugal o Povo desesperava
Contra os canhões marcharam, marcharam
Cravos de liberdade e de brados mil, armados
A 25 de Abril, 1900 e 74,
O Dia ficou mais Dia
E a Noite menos noite
Raiou o Sol da esperança…
Esperança da mulher ser mais mulher,
Da criança mais criança,
Do homem mais homem,
…E do Amor, mais Amor,
e, sobretudo, falar sem Temor
Apesar de esquecida ficar, Timor!!
*João Craveirinha*, 05.04.2005
* Poeta, contista e artista plástico moçambicano (Poema lido pelo autor na Suécia em Abril 2005 a convite da Associação Portuguesa de Estocolmo por ocasião da efeméride do 25 de Abril naquele País Nórdico)
1 comentário:
grande poema!
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