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Quando se junta uma amálgama de palavras, um conto ou um poema podem sempre emergir. A sua divulgação fará que não morram esconsos numa escura e funda gaveta. Daí que às minhas palavras quero juntar as de outros que desejem participar. Os meus trabalhos estão publicados sob o pseudónimo: "Lobitino Almeida N'gola". Nas fotos e pinturas cliquem nos nomes e acedam às fontes.

terça-feira, janeiro 03, 2006

Do pó, voltaremos...

"Etéreo"
(foto de Tonspi)

Do pó, voltaremos… *

Na vida existe altos e baixos
Todos nós devemos saber isso
Sobretudo quando estamos no topo
Lugar onde todos se esquecem de tudo
Pensando que por aí a vida acaba
Como um pode ser pobre
Esse mesmo pobre pode ser rico
E o rico acabar por ser pobre
E ainda um pobre bem podre
Por isso quando fores rico
Não te esqueças dessas coisas nunca
Não subjugue ninguém
Pensando que a vida estará sempre a seu favor
Lembre-se que aquele que o maltratas
Amanhã ainda poderá ser seu chefe
E tu seres obrigado a bater a pala.
Não importa que seja seu menor
Ou alguém com pouco valor.
Se assim fizeres
Lembre que por frente vem algo
Que te vai doer, doer e doer muito mais
Do que a dor que ele sentiu em seu coração
Trate todos como irmão
Para que quando tudo te cair da mão
Não tenhas vergonha de voltar pa trás
Recomeçando uma vida
Em que tudo te sai pela culatra.
Ria sempre com todos
Abrace seu irmão
Mesmo que ele seja um ngadiama
Dê a ele sempre o pouco que tens
Sem repontar
Nem tão pouco fazer publicidade
Encare a vida com muita seriedade
Vivendo isso como uma pura realidade
Saiba que a riqueza é como um bom molho
Depois da garganta já não tem valor
Porque perde já o seu sabor
Com a riqueza o assunto é o mesmo
Quando se fecha o olho
Tudo se torna saudade
Isso é verdade.
O fim do mundo (a morte)
Não é coisa para com ela brincar
Ela não respeita ricos e pobres
Também com ela não se vive em corrupção
Porque se assim fosse
Todos os pobres já seriam mortos
Enquanto que para os ricos
Era só abrir os cofres
Para sacar os guitos
Para corromper uma morte.
Felizmente, ela não deixa-se por isso levar
Anda à nossa espera
Sobretudo aqueles esquecidos
Que pensam a vida como uma pêra
Esquecendo-se de tudo um pouco
Por serem donos dos cachos
Não faça isso, mano
Saiba que quando chegar a hora
Nada poderemos pendurar algo
Mas sim, iremos de mãos a abanar
E por isso muita gente fica a chorar.
Não despreze ninguém
Olhe todos como irmãos
Do mesmo sangue
Embora tenhamos diferentes
Raízes
Estenda a mão a quem tem fome
E não a feche para alguém que tenha sede.
Lembre sempre que ser rico não é tudo
Por isso não és o melhor
Se calhar, vais a caminho do pior
Por só pensares em contas no banco
Esquecendo o pobre ao lado
Esquecendo-se também que a morte leva tudo
Sendo assim, melhor é nos unirmos
Todos juntos como irmãos
Sem olhar quem é rico ou pobre
Para que tenhamos um amor forte
Que todas as riquezas do mundo
Um amor sem dor…
Termos uma condigna reputação
Para poder competir com a morte
Assim ficará bem bonito
Todos nós viveremos sem gemidos
E a vida será uma delícia
Mesmo vivendo anos sem uma carícia
Como aquela, na hora dos mujimbos
Este é o melhor caminho a seguir
Porque se pensarmos que somos ricos e está tudo feito
Tamos enganados
Mesmo morrendo e termos a campa com os melhores mosaicos
O nome é sempre o mesmo.
Morto
Aqui não se dirá em mortos ricos
Será apenas difundo
Que acaba depois por kibuzu
Portanto, tenha atenção
Porque o tempo continua a sumir
Quando estiveres num mbongue grande
Acarretando muito peso
Não olhe os cunangas desempregados
Com grande desprezo
Procure ser a alegria deles
Porque amanhã quando desceres
Serás colega deles
Passando assim a te envergonhares pelo olhar simples
Mesmo que alguém nada diga
Mas sim apenas quando te olharem
Vás baixar a cara por vergonha
E a pior solução
Será ir mesmo fumar cangonha
Para esquecer as malambas da vida
Fique tranquilo
Aqui não há trabalho pesado
A melhor solução
É ter cautelas em tudo que fazes
Sem fomentar calos
Para deixar tudo em pratos limpos
E teres amanhã um socorro garantido
E não andares com mãos à cabeça
Acompanhado de choros.
Porque assim vão te rir aos molhos…
*Luis Miguel*
*(Estudante angolano em Holanda, 12/10/2005)

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